[Resenha] Holocausto Brasileiro

5/18/2019


Livro: Holocausto Brasileiro
Autora: Daniela Arbex
Páginas: 277
Ano: 2019
Comprar: Físico

Sempre tive interesse em ler sobre o holocausto da Alemã e me perguntava o porque de tanta maldade com o outro?
Muitas coisas aconteceram por lá por questões politicas e pela loucura de Hitler. Mas não imaginava que no meu país tivesse havido um holocausto. Foi quando vi o título desse livro e decidi que deveria lê-lo, já que é um assunto que tanto me interessa.
Ao começar a conhecer a história contada por Daniela Arbex, me vi presa a um livro que de fato mexeu comigo, ao ponto de chorar feito uma criança.

"No hospício, tira-se o caráter humano de uma pessoa, e ela deixa de ser gente."

A autora trás em seu livro a história do Colônia, um centro hospitalar psiquiátrico de Barbacena (MG), criado em 1903, que recebi centenas de pessoas por dia. Um local que teve seu uso deturpado e essas pessoas perderam seus direitos, seus sonhos, sua dignidade e muitas delas perderam sua vida.
Um local tido para loucos, recebia pessoas "sãs", recebia pessoas pobres, negros, homossexuais. Um campo de concentração brasileiro, um local onde jogavam as pessoas só porque alguns achavam que eles incomodavam.
É triste ler uma história dessa, mas é necessário para que não se deixe morrer o que de fato aconteceu nos manicômios e para que isso não volte acontecer.

"Os subterrâneos da razão provocaram tantos óbitos que os corpos somavam pilhas de cadáveres. Nem todos, porém, foram enterrados."

Esses locais se basearam na teoria eugenista que é o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente, segundo Francis Galton. Em outras palavras, a elite intelectual do nosso país via essa teoria como saída para para excluir negros, imigrantes asiáticos e deficientes de todos os tipos. Assim, apenas os brancos de descendência europeia povoariam o que eles entendiam como "nação do futuro". Um Brasil nazista.
Poucos foram os sobreviventes desse holocausto e a autora trás entrevista com alguns deles, tanto ex-"paciente" quanto funcionários da época. Com a reforma psiquiátrica esses locais deixaram de existir e essas pessoas tiveram acesso a melhorias em sua vida, claro que isso não irá apagar o que elas sofreram no passado, mas ajudará a elas escreverem um novo futuro, para que isso não volte a acontecer.

"Enquanto o silêncio acobertar a indiferença, a sociedade continuará avançando em direção ao passado de barbárie. É tempo de escrever uma nova história e de mudar o final."

Após a leitura do livro fui pesquisar mais sobre a psiquiatria e infelizmente talvez tenhamos um retrocesso, uma matéria do G1 feita em fevereiro deste ano, mostra que estão tentando aprovar a reabertura desses "hospitais psiquiátricos", o uso do eletrochoque, o internamento de crianças e adolescentes. 
Agora eu deixo a pergunta para vocês, é um retrocesso que vocês querem em nosso país em pleno 2019, com tanto avanço cientifico e tecnológico? 
Será que teremos que passar por isso novamente? 
Reflitam!

Sinopse: Em reportagem consagrada, Daniela Arbex denuncia um dos maiores genocídios do Brasil, no hospital Colônia, em Minas GeraisNo Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, conhecido apenas por Colônia, ocorreu uma das maiores barbáries da história do Brasil. O centro recebia diariamente, além de pacientes com diagnóstico de doença mental, homossexuais, prostitutas, epiléticos, mães solteiras, meninas problemáticas, mulheres engravidadas pelos patrões, moças que haviam perdido a virgindade antes do casamento, mendigos, alcoólatras, melancólicos, tímidos e todo tipo de gente considerada fora dos padrões sociais.
Essas pessoas foram maltratadas e mortas com o consentimento do Estado, médicos, funcionários e sociedade. Apesar das denúncias feitas a partir da década de 1960, mais de 60 mil internos morreram e um número incontável de vidas foi marcado de maneira irreversível.
Daniela Arbex entrevistou ex-funcionários e sobreviventes para resgatar de maneira detalhada e emocionante as histórias de quem viveu de perto o horror perpetrado por uma instituição com um propósito de limpeza social comparável aos regimes mais abomináveis do século XX. Um relato essencial e um marco do jornalismo investigativo no país, relançado pela Intrínseca com novo projeto gráfico e posfácio inédito da autora.

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